sábado, 30 de maio de 2009

Como tudo começou...


Tudo começou quando eu nasci e meu pai botou na cabeça que todas (as duas filhas) nós tinhamos que ser VASCAÍNAS. Vascaíno doente, não teve tanta sorte, minha irmã é sim vascaína, já comigo.. a história foi bem diferente!
Quando a gente é pequeno, muito do que gostamos é espelho do que nossos pais gostam, principalmente se estamos falando de futebol. E se o filho for menino, aí é que o pai força ainda mais o garoto a ser mesmo sem ele entender ao certo o que aquilo tudo significa. Uniformes, meias, bonés, quadros, pôsters enfim tudo o que um garoto precisa pra gostar do referido time. Ah sem esquecer das velhas histórias altamente exageradas sobre as seleções que existiam no tempo dele.
Mas voltando a MINHA HISTÓRIA,
1. Começou assim: Eu não era muito fã, nem entendia o poq de todo domingo meu pai ficar mudando de canal, da globo pra band, com um rádio no ouvido (sem fone nesse tempo) e ainda sabia os detalhes dos 3 jogos + aqueles que n estavam sendo transmitidos. Uma fera! Esse foi o meu exemplo. Pronto, 'a semente foi lançada' e em alguns 12 anos eu começei não só a entendê-lo, como a imitá-lo. CONFESSO, no início não foi nada fácil. Eu não entendia nada do que o locutor falava, depois a dificuldade era de associar o jogo falado a realidade do campo e suas dimensões, ainda mais na posição de mulher, sem ser maxista, mas os homens veem a gente como seres que nunca vão entender essa área do universo "masculino", quem dirá um impedimento;

2. A paixão pelo América surgiu. Em meados 2005 eu começei a não só dizer que era americana mas a sentir vontade de ir ao estádio, meu pai não deixava, mas eu sempre insistia sem muito sucesso. E lá ele ia só. Quando eu me toquei estávamos subindo pra serie B. Não se falava em outra coisa em 2006 se não naquele time abençoado como os paulinhos, Souza, Paredão, ...
Cheguei um dia e disse: Omi eu vou viu. E fui =D nunca vou me esquecer daquele América e Náutico (ei timbú vai tomar no cú), no início foi meio estranho me acostumar com os palavrões, as músicas e os abraços (quando faziam gol) em alguém que a gente nem conheçia. Mas o melhor e mais incrível sentimento nascia alí, uma sensação que só quem sabe é quem vai, indescritível, uma coisa estranha que mexe com a alma e com o coração! ;

3. Como lidar com as amigas ant-américa. Era muito bom chegar na segunda no colégio e falar sobre o jogo com minhas amigas , opah, falar sozinha poq elas eram contra e só sabiam dizer: 'mulhé num vá não que é perigoso e vc pode se machucar' , ' "déba" vai que dão uma garrafada na sua cabeça?" kkkkkkkkk (thaysMorales).. Era uma pouco xato, ainda mais quando marcavam trabalho pra dia de sábado, ou alguma resenha, era certo : "ei vou não, tem jogo do mecão". Graças a insistência, hoje elas me entendem!;

4. Aprendi a zombar dos adversários (principalmente o abc).
Dia de segunda era bom demais, malhar dos abcdistas? melhor ainda.. ;

5. O gosto pela discursão.
Eu sempre fui uma garota muito comunicativa. Confusão então eu ganhava na base do grito. Mas quando assunto era futebol, aí era outra coisa. Principalmente porque além de ser mulher (sem ser maxista), só se ganha numa discursão dessas na base de fortes argumentos e pessoas ao seu favor. ( A ironia e "modéstia" tbm ajudam). Eu não discuto muito, apenas tento conversar civilizadamente.(umhum ;) );

6. Uma menina, com frases e assuntos de menino.
Começei a comentar com meus amigOs, perguntar dos jogos, reclamar (aposto que no início pensavam que eu era louca hehe). kkkk Lukita, Breno e Oliveira que o digam, pense como eles entenderam bem, e não vou negar, era tão bom chegar na sala e sentar lá no fundo pra comentar os lances, os jogos, os roubos, as contratações,.. Eu parecia um menino no meio deles;

7. Hoje.
Vou fazer faculdade pra Jornalismo (realizar um sonho meu e do meu pai), com especialização em Jornalismo Esportivo;

8. Meu PAI.
Foi o mais importante, o maior icentivador, meu comentarista esportivo preferido, meu exemplo e tudo o que sei hoje e comento é porque ele me ensinou a ver o futebol da maneira mais séria. Como um jogador!

PS: As vezes eu fico me perguntando por que de tudo isso.
É tão estranho, uma garota gostar tanto de algo tão masculino. Me sinto deslocada as vezes nas rodas de conversa, e quando menos espero ja estou tão envolvida que nem mesmo noto. No início, não vou negar, foi muito dificil pra eu aceitar que gostava tanto dessa paixão nacional, mas com o tempo fui admitindo.
Não vou mentir, as vezes fico bem caladinha e deixo que conversem, pra que eu não entre na conversa e me empolgue (kkkkkk).

"Não deixe que os outros, ou o seu próprio preconceito te afaste do seu destino. Ele só vai te atrasar!"

Déborah Fernanda Araújo Dias.